terça-feira, 26 de abril de 2011

Tragédia no Brasil

 

Por: Matheus Martins e João Filliph


No Brasil, a tragédia maior ocorreu em Santa Catarina. Após quase três meses chuvosos, nos dias 22 e 23 de novembro choveu o equivalente à média histórica para o mês em diversas cidades próximas ao litoral do Estado, entre elas Blumenau,
Itajaí, Joinville, Gaspar, Ilhota, Navegantes e a capital Florianópolis. Foi o mês de novembro que registrou a maior quantidade de chuvas desde que o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) começou a fazer medições em Florianópolis, em 1961.

A chuva causou a morte de 126 pessoas - vítimas de deslizamentos e inundações, principalmente -, obrigou cerca de 80 mil a abandonarem as suas casas, interditou trechos das
principais rodovias, fechou o porto de Itajaí e interrompeu o abastecimento de gás em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Oito municípios chegaram a ficar isolados, 10 decretaram estado de calamidade pública e vários ficaram totalmente cobertos de água. As indústrias catarinenses estimaram perdas de R$ 358 milhões e o governo do Estado previu a perda de 15% na arrecadação anual.

A tragédia mobilizou todo o país e cerca de
R$ 20 milhões foram arrecadados com doações. Para minimizar os impactos do desastre, o governo federal liberou quase R$ 2 bilhões por meio de medidas provisórias e diversos ministérios direcionaram recursos para Santa Catarina. Foi o desastre natural que fez mais vítimas fatais no Estado desde as enchentes de 1974, quando 199 pessoas morreram. Nas últimas quatro décadas, foram mais de 400 mortes em Santa Catarina em decorrência de anomalias climáticas.

De acordo com Gustavo Carlos Juan Escobar, coordenador de previsão de tempo do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe), a quantidade incomum de chuva foi um
evento anômalo, embora natural, que ocorre de tempos em tempos, ocasionado pela presença simultânea de dois fenômenos: um anticiclone (sistema de alta pressão), que se estacionou no Oceano Atlântico, provocando ventos moderados na costa; e a presença de um sistema de baixa pressão, que fez com que massas de ar subissem e formassem nuvens carregadas chuva.

Para os pesquisadores
Maria Lúcia de Paula Hermman, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e Júlio César Wasserman, da UFF (Universidade Federal Fluminense), ainda que as características do clima e relevo catarinense facilitem esse tipo de desastre, a responsabilidade maior da tragédia foi do poder público, que ao longo dos anos não orientou as pessoas a não ocuparem regiões de risco e não preparou a população catarinense para eventos desse porte.


Fenômenos climáticos também atingem outras regiões

 
As alterações no clima não prejudicaram apenas o Estado de Santa Catarina em 2008. No final de novembro e início de dezembro, cidades do
Espírito Santo e do norte fluminense também sofreram com inundações e deslizamentos ocasionados pelo excesso de chuva.

Em março e abril, os Estados do Nordeste, acostumados a enfrentar as secas, foram atingidos por
fortes inundações. Na época, o governo federal liberou R$ 613,7 milhões para combater enchentes. No mesmo período, o Rio Grande do Sul - atingido em maio por um ciclone - sofreu com uma grave seca. Os dois eventos foram causados pelo fenômeno La Niña. De setembro a novembro, em diversos municípios de Minas Gerais foi decretada situação de emergência também por causa de estiagem.


Nenhum comentário:

Postar um comentário